Acontece eu não ter nada para dizer. Não necessariamente por não estar a acontecer nada. Não digo nada por estar triste ou contente, ansioso ou deprimido, por estar a atravessar esta ou aquela fase. Não. Não digo nada porque, simplesmente, é preciso falar disto. Do não dizer. Aliás, do não ter nada para dizer. E o mais engraçado é que se o dissesse não teria necessariamente de o escrever, que é aquilo que estou a fazer.
Portanto, para que não surjam mais confusões do que aquelas que já surgiram e que farão os estimados leitores voltarem a ler o que acabou de ser dito - que, neste caso, está escrito - entendamos o verbo 'dizer' como cópia perfeita do verbo 'escrever'. Na sua plenitude.
Confuso? Claro que é. Mas a confusão própria e a confusão provocada nos outros é digna de quem não tem nada para dizer. E a verdade é que, se esse alguém não tem nada para dizer, não faz sentido estar a dizê-lo. Esse alguém sou eu, e eu já o disse. Está dito. E assim se escreve uma crónica em que se diz quase tudo e praticamente nada.
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